CRENÇAS: VALORES EM AÇÃO
Faz tempo que ensaiamos falar sobre a diferença entre crenças e valores. Esse tema gera confusão e um emaranhado na identidade de uma instituição e seus princípios. Crenças ajudam na tradução da filosofia do negócio e guiam as atitudes esperadas, mas ainda não são os comportamentos e ações. Os valores são as motivações que ancoram as crenças, o que está por trás do que se acredita na cultura da organização.
Valores essenciais
Trazer à tona os valores essenciais exige reflexão. Fazer isso em sessões de facilitação têm sido um presente porque traduz a verdade daquele ambiente. Não se trata de certo ou errado, mas da conexão entre as pessoas. O que se deseja, o que é valorizado. É claro que ainda existe uma mistura entre valores fins e valores “meios”. Dinheiro, trabalho, por exemplo! São meios para chegar aos valores essenciais. É relevante olhar as intenções! Por que e para que tal valor.
Crenças centrais
Expressam o jeito de ser da organização, facilitando a compreensão e a interpretação dos valores em ação e da visão de mundo. São pressupostos e diretrizes para ações estratégicas, táticas e operacionais, desde a alta liderança até as equipes mais operacionais. Um viés equivocado é achar que “todo mundo” deve agir, pensar e ser igual. Não é bem assim!
É importante dar espaço para cada um expressar o seu jeito, o seu comportamento! Mas, com certeza, as crenças ajudam na clareza que alguns comportamentos não cabem em determinados ambientes. Esse “cascade” é um baita desafio. Afinal, um equívoco bem comum é idealizar o discurso sem olhar para a rotina das áreas, dos times, dos indivíduos que envolve estrutura, processo e pessoas.
Exemplos têm o potencial de parecer vazios e simplórios porque dependes muito do contexto do negócio, da vibração, da verdade, do entusiasmo de cada grupo, de cada organização. Mas vamos arriscar:
O valor INTEGRIDADE! Dentro de diferentes organizações terá seu significado mais relevante na crença que pode ser:
• Pessoas íntegras se responsabilizam pelos seus atos!
• Assumimos e aprendemos com os nossos erros.
• Questionamos a lei, dentro da lei e da ética
• Não temos medo de errar
• ….
Ainda assim, é relevante olhar a motivação, o porquê da crença. Nesta análise, cabe avaliar crenças que também podem ser limitantes! Meias verdades quando nos deparemos com generalizações, concepções de massa, frases de efeito. Dependendo da organização, tem um significado e repertório específico.
Coerência de valores e crenças
Encontrar a linha tênue e a coerência entre a definição de valores, das crenças e da proposta do negócio. É aí que a comunicação, a narrativa, pode ser uma armadilha! O discurso feito com base na verdade, nos comportamentos atuais, nos pensamentos e sentimentos tem mais aderência, especialmente quando se trata de relações saudáveis e de longo prazo.
O papel da comunicação de propósito, de objetivos estratégicos diz mais sobre a direção, a intenção, o desejo a ser alcançado. Nem sempre é o que está ocorrendo no momento ou a fotografia do presente. É a bússola! Nessas horas é preciso abrir mão da idealização, de valores meios, de aparência e de segundas intenções, além das crenças limitantes. É fundamental valorizar o anseio, a meta e os esforços diários nas ações das áreas, dos times e dos indivíduos.
O papel das lideranças
Na gestão de pessoas, líderes são inspiradores, multiplicadores e também são as pontes entre os valores e crenças de uma organização. Deixar esse desafio apenas para uma área, usualmente de comunicação interna, de RH ou ainda de sustentabilidade ou outras áreas criadas para ajudar na aterrissagem das crenças nas ações práticas das áreas, dos times pode ser uma armadilha.
Não tem receita! Mas, certamente, o momento atual pede uma revisita aos valores e crenças pelo olhar atual frente aos desafios de clima organizacional deste momento de pandemia, modelo híbrido de trabalho, saúde mental e emocional. Novos combinados que transformam o ecossistema.
Estamos vivendo dentro das instituições – seja nas grandes corporações, nas startups e scale ups – a expectativa de mais conexão que propiciem um senso de pertencimento. Pertencer tem mais a ver com fazer parte, ser incluído, visto, reconhecido por seus dons e talentos ou ainda estar junto de pessoas com interesses semelhantes.
Afinal, o senso de pertencimento não se dá porque somos iguais ou fazemos do mesmo jeito! Viva a diversidade também na singularidade de cada um!
Propósito, estratégia, posicionamento e princípios do sistema organizacional, tais como valores e crenças, contribuem para essa aterrissagem de conceitos no “fit cultural” entre profissionais e organizações e potencializa a identidade, imagem e reputação de um negócio.
Na Navigo, acreditamos que o negócio e a cultura acontecem nas interações. Trocas sadias, focadas e significativas são capazes de transformar pessoas, organizações e até o mundo.